Nosso Estilo
Compartilhe
“Nós não vemos o que vemos, nós vemos o que somos.
Só vêem as belezas do mundo, aqueles que têm belezas dentro de si”
Rubem Alves
Meu estilo de fotografar nada mais é do que o meu jeito de ser, minhas vivências e meu senso estético. Busco a simplicidade, não o simplório, e acredito que a sofisticação e a beleza estão nos detalhes. É como disse o poeta Manoel de Barros: “É no ínfimo que eu vejo a exuberância”.
Sempre que estou fotografando quero provocar sentimentos e experiências que irão reverberar por muitos e muitos anos. E, isso acontece numa sessão da mesma forma que vivo. Quando entro em um museu, não quero correr para ver tudo. Quero andar com calma e ficar por horas olhando algumas poucas obras de arte para realmente absorvê-las. Quando viajo, não passo um dia em cada cidade para dizer que fui em sete cidades em uma semana. Escolho uma cidade e fico sete dias imerso naquela experiência única. Então, eu me aprofundo em cada experiência, e a fotografia é um excelente exercício para viver plenamente o presente.
Durante muito tempo da minha vida me senti deslocado. Quando me encontrei na fotografia, percebi que o meu lugar é o da busca pelo inusitado. Observo as situações com uma certa distância, como um arqueiro aguarda o momento certo do disparo da flecha. Percebo gestos, toques e cheiros e capto esses momentos discretamente.
Sou bem humorado e irreverente, mas nada invasivo e muito calmo. Minha direção é sutil, mas entendo que ela é indispensável e em grande parte responsável pelo resultado que conquisto.
Gosto do cheiro do mato, vento no cabelo, espaço aberto, céu, pássaros e todo o movimento invisível da natureza. Quando estamos neste ambiente, sinto que SOMOS a natureza. Temos espaço para caminhar, correr e criar cenas de verdadeira conexão, com total liberdade. No final de uma tarde assim, além de fotos incríveis, teremos uma experiência inesquecível, que é válida por si só. Por isso você vai ver a maioria dos meus ensaios em lugares assim.
Para mim, a música é essencial, desde sempre. A trilha sonora de uma sessão de fotos ajuda a criar uma atmosfera de conexão. Gosto de rock clássico e alternativo, principalmente da década de 70. Mas não imponho a minha música, sou aberto e adoro descobrir novidades musicais que os meus fotografados me trazem. Acredito que uma das melhores maneiras de conhecer uma pessoa é saber que tipo de música ela gosta.
Você pode esperar de mim fotos românticas, descontraídas, leves e algumas introspectivas e poéticas. Gosto do natural e espontâneo, sem grandes produções, mas eu sempre vou fazer alguns retratos, seja num ensaio individual, de família ou num casamento. Retratos simples, mas que têm a essência da pessoa naquela fase da vida. Existe algo no olhar do fotografado encarando a lente que me instiga muito.
Quando chego de um casamento ou ensaio fotográfico, estou extasiado e anestesiado com tudo que vivi. Descarrego as fotos, faço vários backups e espero um pouco para começar a editar. Esse distanciamento é importante para o desapego emocional e para realmente enxergar aquilo que mais importa.
A minha edição tem que ser criteriosa. Quanto mais fotos entrego, menos força elas têm. Organizo a sequência intercalando fotos das pessoas com fotos do ambiente, de detalhes e contexto: o storytelling faz parte do meu estilo e quero que você perceba isso ao receber todas as fotos prontas e organizadas.
Geralmente coloco 20% das fotos em preto e branco e o restante em cores. Essa escolha é intuitiva e com a experiência se torna natural. Acontece de acordo com o clima que quero passar em determinado momento. Fotos em preto e branco são atemporais e, sem a distração das cores, passam muito mais emoção e é possível realmente enxergar significados que as cores te distrairiam.
Os tons outonais são os que mais me atraem. As cores de folhas secas me remetem ao melhor período do ano. O tratamento de cores das minhas fotos acompanham esse clima. Saturação média e tons pastéis bem homogêneos. De onde tirei isso? Dos filmes que usava ao treinar na faculdade de jornalismo. Passeio entre o visual dos filmes Fuji 800Z e Kodak Portra 400, mas não me prendo apenas neles, eu me sinto livre para buscar os tons e luzes específicos para um determinado trabalho.
Espero que você se identifique com meu estilo e que tenhamos memórias inesquecíveis a registrar. Mas, nada substitui o encontro e um bom café. Te aguardo!
Um abraço,
Fernando Lutterbach